Diálogo Interativo

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03 julho, 2006

Agora eu quero ver o patriotismo!

Toda vez que a Seleção Brasileira não ganha a Copa do Mundo, a imprensa, os analistas esportivos e nós, mortais torcedores, tentamos freneticamente encontrar explicações para a derrota, como se nossos jogadores tivessem sempre a obrigação de vencer. É claro que o importante é competir e o objetivo é vencer, mas nem sempre isso acontece.
Esporte é superação de limite, é desafio, é ganhar e perder — é saber lidar com as duas situações, com maturidade e respeito ao oponente. Às vezes, isso falta à Seleção Canarinho e à nossa massa de torcedores, expoentes da catarse coletiva pela bola e pelos gols. Numa rara demonstração de bom senso, o apresentador de TV Fausto Silva fez menção ontem à nossa arrogância. Nossa mesmo. Nada de tirar da reta. Nós, brasileiros, filhos da pátria de chuteiras, achamos mesmo que somos os melhores com a bola no pé, tanto que comemoramos a eliminação de nossos vizinhos arqui-rivais, que perderam nos pênaltis para a anfitriã. Falta respeito por parte do futebol brasileiro ao resto do mundo.
O que deu errado na partida de sábado? Ora, a França marcou um gol e o Brasil, não. Simples.
E agora? A catarse durou menos do que esperávamos. Então, vamos tocar nossas vidas e eu, pelo menos, vou torcer pelo meu Cruzeiro que está em 1º no Campeonato Brasileiro (e pela seleção portuguesa) e torcer por um país melhor, sempre.
E agora eu quero ver quem é patriota de verdade. As bandeiras verde-amarelas simplesmente desapareceram das ruas, casas e prédios, os torcedores fizeram gestos obscenos na saída da seleção ontem — capa de todos os jornais hoje — e muitos se apressam em mandar o Cafu se aposentar, em xingar o Roberto Carlos e o técnico Parreira. Repito: não temos obrigação de vencer sempre. Mas temos obrigação de estar com o nosso país nos acertos e nos erros. A hora é de solidariedade com os nossos atletas e de respeito com as seleções que ainda tentarão pegar o caneco. Não estão ainda na copa por acaso.

4 Comments:

  • At 14:01, Blogger Carmen said…

    Oi, João Flávio...

    eu, como já mencionei em meu último post, adoro a Copa. Me divirto muito mesmo. Mas, sem dúvida, aparecem muitos "patriotas de ocasião": gente que não está nem aí para o Brasil, que se orgulha em dizer que odeia política, que defende voto nulo, pena de morte e outros absurdos, mas se veste de verde e amarelo para dizer que é "brasileiro, como muito orgulho, com muito amor"!

    Fico, ingenuamente, nutrindo a esperança de que essa onda "nacionalista" desperte algum tipo de sensibilidade nessas pessoas, para que elas passem a lutar pelo Brasil no dia-a-dia, nas ações mais simples.

    Beijo.

     
  • At 09:23, Blogger Alex Manzi said…

    Olá, João.

    Vejo a paramentação verdeamarelista em dias de jogo como uma coisa completamente diferente de patriotismo.

    Sinto que as pessoas se vestem assim apenas para a diversão, tomar uma cerveja e gritar feito um louco na frente da televisão. Não vejo nada de valorização da pátria nesse gesto. Vejo celebração e diversão, como quem vai ao cinema ou a um show do artista preferido. Fuga. Diversão momentânea, mas nunca patriotismo.

    Quanto à seleção e seus componentes endinheirados, recuso-me a ser solidário com eles e tampouco aplaudi-los. Se tivessem sido eliminados como foram nossos hermanos ou a Alemanha ontem, aplaudi-los-ia com muito gosto. Mas não foi assim. Não houve heroísmo, só um interesse em quebrar recordes individuais. Conseguiram o que queriam, mas o interesse coletivo ficou pra depois. Talvez pra 2010.

    Um enorme e fraterno abraço.

     
  • At 18:07, Blogger Marco Aurélio said…

    João

    Agora passada a ressaca do vexame do futebol brasileiro, devemos retomar à realidade. Eleições, novos ataques do PCC, política de cotas nas universidades públicas, reformas no sistema previdenciário, CPI das sanguessugas, são algumas das questões mais prementes na ordem do dia.

    Abraço

     
  • At 15:36, Blogger João Flávio Resende said…

    Manzi,
    Concordo em parte com você. Ainda acho que há um componente patriota na torcida pela Seleção em seus compromissos dentro de campo. Por ora, a vida continua.

    Marco Aurélio,
    Com certeza teremos muitos temas para discussão. O mais quente (literalmente) são os ataques do crime organizado em SP. Prometo escrever em breve a respeito.

    Abraços a vocês.

     

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