Diálogo Interativo

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03 dezembro, 2007

Universidade pública???

A máquina de moer carne da UFMG funcionou mais uma vez a todo vapor ontem. Quase 70 mil candidatos para menos de 4.800 vagas numa das maiores universidades "públicas" do Brasil. Mas públicas para quem?

O Governo Federal tem feito esforços para levar o ensino superior para mais pessoas, como o ProUni, o sistema de cotas, etc. Mas o principal não acontece: viabilizar a entrada de estudantes de baixa condição socioeconômica na universidade federal.

Quem entra na UFMG? Salvo honrosas exceções, são filhos de famílias de alta renda, que nunca trabalharam e sempre tiveram todo o tempo, condições materiais, boas escolas para estudar. Estes são os mais preparados para o vestibular. E, a concorrência sendo grande (para não dizer cruel), passa quem estudou mais, quem é mais bem-alimentado, quem é mais bem-nascido. Por tabela, quem tem mais dinheiro. E quem tem dinheiro pode pagar faculdade particular. Então, as vagas nas instituições públicas deveriam ser reservadas para quem não tem dinheiro. Considero a realidade do vestibular uma das maiores injustiças e crueldades que o Estado brasileiro comete contra seus jovens. Funciona a cadeia alimentar: o maior come o menor.

Tentei entrar na UFMG duas vezes. Não passei nem para a 2ª etapa. Na PUC, fui aprovado em 6º lugar no meu curso. Levei nove anos para fazer um curso de quatro anos . Parei uma vez por razões profissionais e duas vezes por não ter dinheiro. Revoltante, pra dizer o mínimo, mas pelo menos consegui meu diploma. E quem não consegue? Resta a frustração, o desânimo, a tristeza.

Este tipo de universidade pública eu não defendo nunca!

2 Comments:

  • At 20:54, Anonymous Anônimo said…

    Oi, João!

    Olha só: eu acho que o grande problema não começa na universidade, não. O problema é do ensino fundamental público que não tem qualidade suficiente para garantir aos seus usuários boas condições para competir por uma vaga nas universidades federais. Isto porque se de repente as portas da federais fossem abertas indiscriminadamente o nível cairia ainda mais.

    E digo porque cairia ainda mais porque eu achava que as universidades brasileiras eram boas, mas há um mês (se não me engano) foi publicado o ranking das universidades do mundo - o qual é definido de maneira mais que justa, posso depois escrever sobre isto. A USP, que é a nossa melhor universidade pública, foi considerada a 196a. (centésima nonagésima sexta) melhor universidade do mundo. Imagina a UFMG, que é a quarta do Brasil, mas não deve ser nem a décima da América Latina?

    Fiquei muito decepcionada porque eu acreditava que tinha freqüentado uma coisa que dava para o gasto. Mas acho que o Brasil ainda tem muito que lutar e é pela educação básica. A solução não é abrir as portas da universidade pública para quem, infelizmente, não está preparado para ela. A solução é fazer com que todos, sem distinção de classe social, estejam em igualdade de condições para entrar no páreo.

    Até porque os ricos também têm direito de freqüentar uma boa universidade. Universidade pública é pública, aberta ao rico e ao pobre e que vença o melhor. Obviamente, isto só acontecerá quando todo o sistema educacional for melhorado.

    E uma coisa é fato: há concorrência em qualquer lugar do mundo. Não há país no mundo que tenha vaga para todos os candidatos a uma universidade pública. O melhor é todo mundo é entrar na luta com as mesmas armas.

    Um abraço!

     
  • At 17:48, Blogger João Flávio Resende said…

    Carmen,

    A sua última frase resume a questão. Assim, realmente vencem os melhores.

    Abraços.

     

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