Diálogo Interativo

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10 abril, 2010

O Rio é aqui, é aí, é acolá...

Já escrevi algumas vezes aqui sobre os problemas das grandes cidades relacionados com a chuva e a falta de planejamento. Desde segunda-feira, todos os superlativos possíveis sobre o tema vêm se estampando nos jornais em relação ao Rio de Janeiro, por causa das fortes chuvas que começaram a cair no Grande Rio na segunda 5.

Bobagem repetir aqui o que a mídia já vem dizendo. Prefiro passar longe da frieza dos números e do posicionamento das autoridades.

Fico imaginando daqui a alguns anos: "Meu filho morreu em 2010". "De quê?" "Soterrado." Fica pra sempre na lembrança da família a perda cruel de um ente querido. "Ah, mas quem mandou construir no morro em cima do antigo lixão?? Tem mais é que se f... mesmo!" Para quem mora na cidade, é fácil falar de quem (sobre)vive na não-cidade.

O processo de formação de favelas é algo que beira a perversão. O mercado imobiliário empurra pra cima dos morros aqueles que vieram pra cidade grande iludidos, achando que iam se dar bem na vida. Com a ausência do Estado, o tráfico toma conta do pedaço e impõe suas "leis". Em alguns casos, chega a tornar a favela mais segura que o asfalto. E quando chove? Um olho nas nuvens, outro no barranco.

Política habitacional tem que estar na linha de frente dos governos. Não sou a favor de dar casa de mão beijada. Muitos pegam e vendem. Precisam pagar, ainda que seja algo simbólico. Seria cada um fazendo a sua parte para tornar cada vez mais raras notícias como as que dominam os jornais desde o início da semana. Que não haja mais morros do Bumba, mais lixões habitados, mais deslizamentos, mais soterramentos, mais dor, mais revolta.

7 Comments:

  • At 05:36, Blogger Carmen said…

    Olha, João Flávio...

    Essa de criticar as pessoas por construir em lugares inapropriados é sinal de insensibilidade e ignorância. Porque as pessoas simplesmente não têm opção. Aliás, isto é na verdade uma jeito de "lavar as mãos", de dizer "isto não é problema meu, foram eles que escolheram viver lá". É a famosa e abominável culpabilização da vítima.

    Acho que a cidade não sabe (ou não quer admitir) que é ela mesma que constrói a não-cidade.

     
  • At 22:27, Anonymous Anônimo said…

    Prezado João Flávio,

    Acredito que nenhuma crítica, nenhuma repetição de palavras que todos já estão cansados de ler, ouvir e discutir amenizará os problemas das grandes cidades. Eu não posso fazer nada, não sou prefeito, não sou político... tb não me mantenho inerte e tento entender pq este tipo de coisa acontece... são tantas tragédias, são tantas mortes, é tanta tristeza que este tipo de assunto deveria ser tratado de forma mais especial... não sei o que dizer diante disso tudo...

     
  • At 00:03, Blogger João Flávio Resende said…

    Carmen e Anônimo,
    O que falta é política habitacional séria no Brasil, com meta clara: zerar o déficit de moradias.
    Abraços.

     
  • At 19:33, Anonymous Anônimo said…

    Nos últimos anos até tentaram... como um bom amigo diz: "Político adora um palanque" e o programa criado virou um ótimo atrativo para captação de votos.

    Abraços...

     
  • At 22:02, Blogger João Flávio Resende said…

    Caro Anônimo,
    O problema é que os programas habitacionais são peças de campanha. Só.
    Até existem algumas iniciativas, só que muito acanhadas perto do que o Brasil realmente precisa.
    Abraços.

     
  • At 23:08, Anonymous Anônimo said…

    Então o nome deveria ser "Política habitacional" e não "Programa habitacional"... infelizmente 99% das coisas que a envolvem (a política) deixam de ter algum mérito. Política, "politicagem", gente "politiqueira", nada mais abominável do que isso.

    Abraços...

     
  • At 20:40, Blogger João Flávio Resende said…

    Anônimo,
    Verdade. O nome correto é Política Habitacional.
    Abraços.

     

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