Balas perdidas e achadas
Talvez a grande pergunta que fica no ar junto com o cheiro de queimado dos tiros, bombas e ônibus incendiados pelo PCC em São Paulo seja "Afinal, o que estes criminosos querem?". Há várias respostas, nenhuma definitiva, objetiva ou fechada em si mesma; todas articuladas entre si, como os ingredientes de um bolo.
O problema nasce na família, porta de entrada de todo novo ser humano. As famílias de baixa renda, cujos chefes vivem em conflito permanente entre si e com o mundo, seja na forma da carência, do desemprego, da fome, da moradia precária (quando há), são meios propícios para o desenvolvimento de futuros delinqüentes. Ah, mas filho de rico também vira bandido. Vira. Só que há outras carências: pressão pra vencer sempre, falta de habilidade para lidar com fracassos, achar que o bem-estar material é suficiente. Só é cooptado para o crime aquele que tem alguma carência grave, seja de que ordem for. As famílias precisam perceber essas tendências e agir o quanto antes. A religião, seja qual for, as artes e o esporte podem ser boas ferramentas para a prevenção dessas tendências, que podem vir de muito longe — aí já entra minha fé, da qual prefiro não falar agora.
Depois, vem a escola, os amigos, a falta de oportunidade de levar uma vida lícita, o aparato policial ausente ou corrupto, o jeitinho, a cumplicidade. O resultado é um barril de pólvora.
Em qualquer estrato da sociedade, existem espaços a ser ocupados. Se o Estado não faz sua parte, fica o vácuo aberto para outro ser social fazê-la. Aí entra o crime organizado. Faturamento de milhões, vida agitada, intensa e curta, aventura, desafio, insensibilidade, desejo de vingança. O crime organizado não se contenta mais em simplesmente se apropriar do que não lhe pertence. Agora, o lema é desafiar o Poder Público, demonstrar poder. Vaidade. Daí os ataques do PCC.
Recomendo o livro Cidade Partida, do jornalista Zuenir Ventura , que conta, em seus primeiros capítulos, o processo de deterioração da segurança no Rio de Janeiro. Serve para análise do problema da criminalidade em qualquer lugar.
Assim como está cada vez mais arriscado viver nas nossas metrópoles, é igualmente arriscado escrever sobre este complexíssimo tema. Afinal, teses e mais teses já foram produzidas a respeito pelo mundo acadêmico e as balas continuam a voar e a acertar cabeças, peitos, costas, a abreviar vidas promissoras, a tirar do nosso convívio pessoas que poderiam ser importantes agentes de mudança.
Triste, pra dizer o mínimo.
O problema nasce na família, porta de entrada de todo novo ser humano. As famílias de baixa renda, cujos chefes vivem em conflito permanente entre si e com o mundo, seja na forma da carência, do desemprego, da fome, da moradia precária (quando há), são meios propícios para o desenvolvimento de futuros delinqüentes. Ah, mas filho de rico também vira bandido. Vira. Só que há outras carências: pressão pra vencer sempre, falta de habilidade para lidar com fracassos, achar que o bem-estar material é suficiente. Só é cooptado para o crime aquele que tem alguma carência grave, seja de que ordem for. As famílias precisam perceber essas tendências e agir o quanto antes. A religião, seja qual for, as artes e o esporte podem ser boas ferramentas para a prevenção dessas tendências, que podem vir de muito longe — aí já entra minha fé, da qual prefiro não falar agora.
Depois, vem a escola, os amigos, a falta de oportunidade de levar uma vida lícita, o aparato policial ausente ou corrupto, o jeitinho, a cumplicidade. O resultado é um barril de pólvora.
Em qualquer estrato da sociedade, existem espaços a ser ocupados. Se o Estado não faz sua parte, fica o vácuo aberto para outro ser social fazê-la. Aí entra o crime organizado. Faturamento de milhões, vida agitada, intensa e curta, aventura, desafio, insensibilidade, desejo de vingança. O crime organizado não se contenta mais em simplesmente se apropriar do que não lhe pertence. Agora, o lema é desafiar o Poder Público, demonstrar poder. Vaidade. Daí os ataques do PCC.
Recomendo o livro Cidade Partida, do jornalista Zuenir Ventura , que conta, em seus primeiros capítulos, o processo de deterioração da segurança no Rio de Janeiro. Serve para análise do problema da criminalidade em qualquer lugar.
Assim como está cada vez mais arriscado viver nas nossas metrópoles, é igualmente arriscado escrever sobre este complexíssimo tema. Afinal, teses e mais teses já foram produzidas a respeito pelo mundo acadêmico e as balas continuam a voar e a acertar cabeças, peitos, costas, a abreviar vidas promissoras, a tirar do nosso convívio pessoas que poderiam ser importantes agentes de mudança.
Triste, pra dizer o mínimo.