Diálogo Interativo

Espaço para troca de ideias sobre diversos assuntos, com destaque para atualidades, comunicação, política, educação e relações humanas.

28 setembro, 2006

Por que voto em Lula para presidente

"O Lula é uma parte do povo desse país que adquiriu consciência política. É por isso que eu não caio. Porque eu não sou sozinho. A hora que eles tirarem as minhas pernas, eu vou andar pelas pernas de vocês; a hora que eles tirarem os meus braços, eu vou gesticular pelos braços de vocês; a hora que eles tirarem o meu coração, eu vou amar pelo coração de vocês. E a hora que eles tirarem a minha cabeça, eu vou pensar pela cabeça de vocês!"
Este foi o trecho mais emocionante do discurso do presidente Lula no comício de Belo Horizonte, na terça 26. Com exceção de 1989, fui em todos os comícios de Lula realizados em BH.
Decidi começar este texto com a citação acima porque quero fazer uma análise menos fria das minhas razões para defender o meu voto incondicional em Lula.
Acompanho a trajetória do presidente desde os meus sete anos. Na época, eu dizia em casa que as greves eram uma espécie de pirraça que os trabalhadores faziam para que os patrões lhes dessem um salário melhor. E achava curioso aquele barbudo de voz rouca e língua presa enfrentar o governo e os empresários, criticar, reivindicar. Era muita coragem, mesmo na época da "abertura" do Figueiredo.
Depois, veio a fundação do PT, veio Lula deputado constituinte, eleito com 650 mil votos, veio a emoção de 1989 (meu primeiro voto), veio 1994 com Lula atropelado pelo Plano Real (estabilidade conseguida, mas a sociedade pagou caro por ela), veio 1998 com a dificuldade de tentar vencer FHC que estava no poder. E veio 2002, sem comentários.
Com exceção dos problemas com Waldomiro Diniz, Marcos Valério e a lambança do Dossiê Tabajara (tudo obra de gente que não merecia a confiança do presidente — ele tem o mesmo defeito que eu tenho de confiar demais nas pessoas), o governo Lula funcionou dentro das minhas expectativas de cidadão e de militante. Não vou me alongar, pois levaria dias para escrever tudo que considero importante a respeito. Aí, ninguém iria ler...
Cito só algumas realizações deste governo.
- Bolsa Família: os programas sociais que existiam foram unificados, aperfeiçoados e vinculados à freqüência escolar e à carteira de vacinação. Resultado: cerca de 40 milhões de pessoas atendidas, fora o reflexo a longo prazo da permanência das crianças na escola.
- Luz para Todos: até agora, 3 milhões de pessoas a mais com eletricidade em casa no meio rural. Eu morei dois anos e meio sem luz num bairro da periferia de Santa Luzia, e sei o que é a alegria de chegar em casa e acender lâmpada, tomar banho de chuveiro quente.
- Blitz contra o trabalho escravo.
- Revisão do Provão, com um novo modelo de avaliação que afere também as universidades.
- Mais escolas técnicas federais.
- ProUni. 400 mil estudantes beneficiados.
- Três vezes mais marcas de medicamentos genéricos no mercado.
- 1,2 milhão de moradias entregues em três anos e meio.
- Fortalecimento da Polícia Federal. 3.405 pessoas presas, contra 54 nos três últimos anos do governo anterior.
- Controladoria Geral da União: ganhou orçamento próprio e fiscaliza prefeituras por sorteio — já foram mais de 900, dos 5.500 municípios do país.
- Comunidades remanescentes de quilombos estão sendo reconhecidas oficialmente como tal pelo Governo. A partir de então, passa a ter acesso a programas específicos. Na zona rural de Brumadinho fica a comunidade de Sapé, já reconhecida, que recebeu em 2003 a visita da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
- Superávit recorde da balança comercial.
- Manutenção da inflação sob controle.
- Quitação da dívida com o FMI, com a conseqüente redução da dependência externa.
- Cumprimento de todos os contratos assumidos no governo anterior.
- As exportações dobraram.
- Comércio com potências emergentes quase triplicou.
- O governo rejeitou as imposições da ALCA.
- Brasil liderou a missão de paz da ONU no Haiti.
- 245 mil famílias assentadas no campo.
- Lei Nacional da Agricultura Familiar.
- Recursos do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) quase quadruplicaram.
- Apoio à produção de veículos bicombustível e criação do programa do biodiesel.
- Fim das privatizações no setor elétrico.
- Ampliação do acesso à telefonia, com implantação de telefones públicos em comunidades com mais de 100 moradores.
- Criação de 6 milhões de postos de trabalho. Ao contrário do que se diz, Lula nunca prometeu criar 10 milhões de empregos. Disse, em 2002, ao ser entrevistado pelo Canal Livre, da Rede Bandeirantes, que o Brasil tinha potencial para gerar 10 milhões de postos de trabalho em quatro anos.
É claro que ainda há muito o que fazer. Por isso mesmo, vale a pena Lula continuar na Presidência: para não se perder o que já foi feito e para haver continuidade dos projetos, coisa rara no nosso país.Para terminar, reproduzo o artigo abaixo, escrito hoje, que é uma das melhores análises que li sobre a mudança de perfil do eleitorado de Lula.

Porque são pobres, nordestinos e negros
por Maria Inês Nassif, do Valor Econômico

Talvez por embutir um corte social no eleitorado inédito, este processo eleitoral transborda preconceitos. Primeiro, a análise do fenômeno sociológico do voto do pobre, descolado de formadores de opinião, derivou para o preconceito do "voto vendido" por um prato de comida, simbolizado pelo Bolsa Família. Depois, o voto nordestino foi colocado no mesmo saco do coronelismo, como se tivesse ocorrido uma negociação individual desse eleitor com o candidato a presidente. Agora, entrou em cena o voto dos negros (que, nas pesquisas, são a soma dos pretos e pardos). A última conclusão, derivada da pesquisa do Ibope da semana passada, é que os negros dão menos importância à ética que os brancos - e por isso tenderiam a eleger, em sua maioria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Se a elite brasileira não jogar fora seus preconceitos, será difícil entender o que ocorre nessas eleições. Falta enxergar um pouco a realidade social desse país. A começar pela realidade dos negros, entre eles, em especial, dos pretos. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2005, elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a partir da PNAD 2004 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), os negros representam 48% da população, mas são 66,6% dos 10% mais pobres e 15,8% dos 1% mais ricos. Os trabalhadores negros recebem cerca de 2 salários mínimos por mês, enquanto os brancos ganham 3,8 salários, em média. A taxa de analfabetismo dos negros é de 16%, mais do que o dobro da dos brancos, de 7%.
Isso não é tudo. A personificação do preconceito embutido na avaliação do voto do negro são as estatísticas de morte pela polícia. Segundo pesquisa de Marcelo Paixão, da ONG Fase, em 2001, enquanto os pretos representavam 11% da população do Rio, eram 32,5% dos mortos pela polícia; os pardos, que eram 34% da população do Estado, representavam 21,8% dos mortos pela polícia; e os brancos, 54,5% da população, eram 19,7% dos mortos pela polícia. O levantamento foi feito entre janeiro de 1998 e setembro de 2002 e os dados populacionais são do Censo de 2000. Segundo estudo coordenado pelo sociólogo Ignacio Canno para o Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2005, a taxa de homicídio de negros , entre janeiro de 1993 e julho de 1996, era 1,9 vez maior que a dos brancos.
Por esse quadro, não precisa ser um especialista para concluir que a população negra está mais exposta aos benefícios do Bolsa Família e do aumento do poder de compra do salário mínimo. Ainda assim, dado o grau de pobreza do negro - além de 64% dos pobres, representam 68% dos indigentes, segundo números de 2001 - não parece que a situação dada seja totalmente satisfatória: 25% dos negros entrevistados pelo Ibope na semana passada se diziam insatisfeitos em relação à vida que levam, contra 21% dos brancos; 62% dos pretos se declararam satisfeitos, contra 69% dos brancos.
Na sondagem de intenção de voto, não parece que as preferências dos pretos se descolem dos índices dos mais pobres: na pesquisa espontânea, o presidente Lula teria 60% dos votos dos pretos entrevistados; entre todos que ganham até um salário mínimo, captaria 67% dos votos, e 54% entre os que ganham de 1 a 2 salários mínimos. Segundo a pesquisa, 64% dos negros aprovam a maneira como Lula conduz o país e 62% dos pardos também - contra 48% dos brancos. Os negros aprovam mais a administração Lula porque são negros, ou porque são pobres? Entre os entrevistados que ganham até 1 salário mínimo, 68% dizem que aprovam; dos que ganham de 1 a 2 salários mínimos, 59% responderam a mesma coisa. No Nordeste, 72% dos entrevistados afirmaram que aprovam a maneira como Lula vem administrando o país. Responderam isso porque são pobres, negros ou nordestinos? E o que a pergunta embute? A forma de administrar o país é qual?
Depois de perguntar em quem o entrevistado votou no segundo turno das eleições de 2002, o Ibope formula a seguinte pergunta: "Você votaria ou não votaria em um político acusado de corrupção, ou citado em algum caso de corrupção?". Respondem que votariam 7% dos brancos, 11% dos pretos e 8% dos pardos - o que, na linguagem de pesquisa, estaria dentro da margem de erro. À pergunta de qual o partido mais ético, o PT ganhou, com 18% - no Nordeste, 28% dos entrevistados tinham essa opinião; 26% dos negros e 19% dos pardos achavam a mesma coisa.
Por que acham isso? Porque são pretos, pobres ou nordestinos? O PT ganhou também no quesito "menos ético": 31% dos entrevistados consideraram assim - no Nordeste e na faixa de renda familiar de até um salário mínimo, essa opinião decresce para 21% dos entrevistados. Entre os brancos, 34% acham que o PT é o partido mais corrupto; entre os pretos, 23% e, entre os pardos, 28%. Se pretos e pardos votam em sua maioria em Lula, e se consideram menos que os brancos que o PT é corrupto - e mais que os brancos que o PT é menos corrupto - por que então a conclusão de que Lula tem mais votos dos negros porque eles têm menos apego à ética?Se a elite brasileira aprendeu só esse tortuoso travo racial de um processo eleitoral que é rico pelo que ele tem de novo, pobre deste país. Mais pobre que os pobres, os pretos e os nordestinos.
Seria o caso dessa elite começar a tentar responder outras perguntas. A primeira delas é: por que ocorreu um corte social tão profundo nessas eleições? A segunda: por que os partidos não acompanharam esse movimento, muito pelo contrário, acabaram por facilitar a personalização desse corte na figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva? A última: por que a elite, em vez de fazer a reflexão sobre a realidade social do país, assume um discurso que pretende criminalizar a pobreza por uma escolha democrática? A escolha do pobre não é crime. Reflete anseios, um descaso secular, uma distância profunda dos ricos. É uma escolha racional.

Pois bem: sou branco, de classe média, não sou nordestino e tenho curso superior completo. Mesmo assim, voto em Luiz Inácio Lula da Silva, 60 anos (61 em 27/10), número 13, para presidente do meu país, da minha terra, da minha gente. Voto em Lula para presidente do futuro dos meus filhos, das novas gerações que vão ler nos livros de História que um ex-operário não fez tudo que queria, mas deu os primeiros passos para tornar o Brasil um país menos desigual, apesar do arrepio de uma elite podre, fedida, que tentou a todo custo sabotar a mudança. Se der segundo turno, não tem importância. Vou pra rua ainda com mais gás do que agora, defender a eleição do mais legítimo representante do povo que já existiu no Brasil.
Boa eleição a todos. E que chegue a segunda-feira!

Mecanismos do linchamento pela mídia

1- A mídia foi pautada diariamente pela oposição: acusações verbalizadas pela oposição de tarde, viravam manchetes factuais no dia seguinte.
2- Acusações que deveriam ser ponto de partida para uma investigação jornalística eram publicadas sem checagem. Bastava usar termos como "suposto", como observou Carlos Heitor Cony.
3- Os acusados não eram procurados para se defender e, quando eram, suas explicações eram tratadas com sarcasmo.
4- Surgiu um novo modo narrativo: basta ser indiciado para ser tratado como criminoso, mesmo que a acusação ainda esteja sujeita a ser rejeitada pela Justiça.
5- Nessa nova forma narrativa, escreveu o jornalista Carlos Brickman, "qualquer medida judicial em favor dos réus é chicana" e " qualquer absolvição é pizza, independentemente de prova". Qualquer declaração do acusador é, em princípio, aceita como verdade...
6- Nessa nova narrativa, predominou a malícia. Em vez de elucidar os fatos, contextualizando-os e hierarquizando-os, optou-se pela desinformação e a suspeição.
7- Todo o fogo era dirigido apenas contra o PT. A grande imprensa ignorou, por exemplo, as denúncias contra o banqueiro Daniel Dantas, do banco Opportunity, à lista dos doadores de Furnas. Ignorou ou relegou a segundo plano que o "valerioduto" foi criado pelo PSDB para a campanha de 1998 de Eduardo Azeredo, em Minas Gerais.
8- Palavras pesadas foram usadas com freqüência, sem pudor: "Palocci, estuprador de contas bancárias" (Augusto Nunes, no JB); "Lula, chefe da quadrilha" (Correio Braziliense); "Ali Dirceu e os 40 ladrões" (idem).
9- Foi desencadeada uma perseguição incessante aos familiares de Lula e aos chamados "amigos de Lula", com arbitrária violação da vida pessoal.
10- Legitimou-se a linguagem preconceituosa contra Lula, inclusive por colunistas importantes; alguns jornalistas especializaram-se em descobrir em todas as falas de Lula uma "gafe".
11 - Os meios de comunicação concentraram toda a cobertura na crise, desprezando acontecimentos importantes. IstoÉ deu 14 capas seguidas de crise; Veja deu mais de 20.
12- Depoimentos nas CPI´s eram ignorados quando derrubavam acusações contra o Governo.
13- Criou-se uma modalidade virulenta de jornalismo. Veja deu capas associando o PT a animais (rato, burro), imagens posteriormente recicladas por articulistas na própria Veja e em outros veículos. Os nazistas fizeram isso com os judeus com o objetivo de derrubar toda e qualquer barreira psicológica ao seu extermínio.
14- Houve a "tragédia da condenação sem julgamento", como disse em sua defesa o deputado do PFL Roberto Brant. Nenhum julgamento foi ainda feito na Justiça, mas na mídia e no imaginário social já estão todos condenados e suas imagens e reputações destruídas. Deu-se um linchamento midiático.
Da Revista do Brasil, publicada por um conjunto de Sindicatos de Bancários, Metalúrgicos, Químicos, dentre outros.

27 setembro, 2006

Uma perguntinha que não quer calar

Por que o suposto crescimento de Alckmin e a suposta queda de Lula nas pesquisas sempre acontece dentro da margem de erro?

26 setembro, 2006

Por que voto em Nilmário, 13, para governador

Os Estados da Federação, hoje, ficam numa espécie de meio do caminho. A Constituição elevou os municípios à categoria de entes federados, ou seja, possibilitou o repasse direto de programas e recursos do Governo Federal às cidades. Em muitos casos, como por exemplo na Saúde, o Estado nem vê a cor do dinheiro que vai direto do Ministério da Saúde para as prefeituras.
Mesmo que os municípios tenham assumido várias atribuições que antes eram dos Estados, os governadores ainda são responsáveis por boa parte das políticas públicas: transporte intermunicipal, segurança, parte da Educação, parte da Saúde, desenvolvimento econômico, turismo, cultura, dentre outras.
Para se governar bem um Estado, são necessários diversos atributos por parte do governador e da sua equipe: sensibilidade social, respeito à diversidade regional (sobretudo em Minas, quarto maior Estado do país em extensão territorial, terceiro em população e o maior em número de municípios), responsabilidade, saber ouvir e não tentar enganar a população com excesso de publicidade. O governador precisa ter tato, falar a mesma língua do povo, ter história de luta pelos direitos humanos, ter compromisso com a parcela mais sofrida da população.
Por pensar desta forma, voto em Nilmário de Miranda, 59 anos, número 13, para governador de Minas.

25 setembro, 2006

Por que voto em Ronaldo Vasconcellos, 432, para senador

O Senado compõe junto com a Câmara o Congresso Nacional. Assim, temos o que se denomima Parlamento Bicameral, por ter duas Casas Legislativas. O Senado, além de referendar as decisões da Câmara, tem outras atribuições, como sabatinar pessoas escolhidas pelo presidente da República para ocupar determinados cargos, como o de presidente do Banco Central. Determinados projetos de Lei e determinados assuntos que envolvem o Poder Público são exclusivamente tratados pelo Senado.
Os 513 deputados federais são divididos entre os Estados segundo critério populacional, e representam, portanto, o povo do seu Estado de origem. Já os 81 senadores representam as Unidades da Federação — três para cada uma das 27 Unidades, aí incluído o Distrito Federal. O mandato dos senadores é de oito anos (absurdo!!!!!) , com eleições alternadas: em 2002, votamos em dois candidatos para representar Minas Gerais; nesta, votaremos em um; em 2010, em dois, e assim por diante.
Escolher meu candidato a senador foi dificílimo. Considerando a fidelidade partidária, deveria votar em Newton Cardoso. Afinal, em negociações entre o PT e o PMDB, ficou acertado que o PT ficaria com a vaga de candidato a governador e o PMDB com o vice e com o candidato a senador. Internamente, em convenção, o PMDB escolheu Newton. Simples, se não tivéssemos historicamente combatido o tipo de política que Cardoso sempre fez: obscura, com grandes obras de utilidade discutível e erros como o Cardiominas, que, agora, felizmente vai ter alguma utilidade. Além disso, tenho grande preconceito contra políticos muito ricos. Sinto um cheiro de borracha queimada.
Até pensei em votar no Newton para contrapor e evitar a vitória de Eliseu Resende (não é meu parente, juro!!!), este sim representante do que há de mais atrasado na política, que apoiou o regime militar, fato bastante para merecer o meu repúdio. Mas não terei coragem. Vai contra tudo que já defendi na minha militância. Nem conseguiria fazer campanha para o "companheiro".
Não sobra muita coisa. Acho que o PSOL tende a se fortalecer como partido de oposição, mas a intransigência e demagogia de muitos de seus membros, começando por HH, me impede de dar um votinho que seja a este partido, em que pese o fato de ter em suas fileiras pessoas de qualidade, que deixaram o PT por não se identificar mais com a legenda (eu particularmente prefiro ficar e dar minha modestíssima contribuição para tentar consertar).
Assim, por pura falta de opção, votarei em um candidato professor universitário, ex-deputado estadual e federal, ligado às questões do turismo e do meio ambiente, que hoje é vice-prefeito de Belo Horizonte, parceiro da política democrática e popular do prefeito Fernando Pimentel, apesar de apoiar Aécio. Melhor que anular o voto.
Por isso, voto para senador em Ronaldo Vasconcellos Novais, 56 anos, do PV, número 432.

22 setembro, 2006

Por que voto em Roberto Carvalho, 13450, para deputado estadual

Os deputados estaduais são responsáveis pela elaboração de projetos de lei para o Estado no qual atuam, além de fiscalizar e acompanhar as ações do Governo estadual. Por estarem mais próximos do cidadão do que os deputados federais, também encaminham diversas demandas de regiões e cidades, como audiências públicas para tratar de temas determinados, emendas ao Orçamento estadual para melhoria da infra-estrutura das cidades, dentre outras atribuições. Não raro, infelizmente, praticam todo tipo de assistencialismo, o que é também facilitado pela maior proximidade com suas bases eleitorais.
Eu gosto mais do trabalho parlamentar em um universo maior, colocando na ordem do dia o debate sobre grandes temas de interesse estadual ou mesmo regional. Assim, a população vai assimilando a verdadeira função dos deputados estaduais e vai deixando de votar por interesses pessoais e imediatos para assumir uma postura mais coletiva e de apoio a projetos de médio e longo prazo. Tenho esperança de que a população passe, um dia, a usar seu voto para transformações profundas e duradouras, e não como moeda de troca e, por tabela, instrumento de perpetuação da miséria.
Neste sentido, escolhi um candidato que está em seu segundo mandato de deputado estadual, que foi diretor do Sindicato dos Trabalhadores do DER-MG, que já foi vereador e secretário municipal de Esportes da Prefeitura de Belo Horizonte. Escolhi um deputado que luta incansavelmente pela saúde, que colaborou diretamente para a transformação do esqueleto do Cardiominas no futuro Centro Metropolitano de Especialidades Médicas, que apóia incondicionalmente o trabalho do prefeito Fernando Pimentel. Escolhi um deputado que faz da atividade parlamentar um instrumento de transformação e de agregação de pessoas com o objetivo de propor políticas de desenvolvimento local e regional. Escolhi o parlamentar que é autor da Emenda Constitucional Estadual 65, que estabelece novas formas de relacionamento entre municípios das Regiões Metropolitanas (RM) do Estado — temos hoje a RMBH e a RM do Vale do Aço — proporcionando a estes municípios o desenvolvimento de políticas conjuntas em todas as áreas da administração pública, sobretudo Educação, Transporte, Saúde, Saneamento, Habitação.
Por todas estas razões, voto em Roberto Vieira de Carvalho, 53 anos, número 13450, para deputado estadual

20 setembro, 2006

Crônica de um golpe anunciado

por Lula Miranda, da Agência Carta Maior (www.cartamaior.com.br)

Vimos acompanhando todos, já faz alguns meses, inúmeros pedidos de impeachment sendo plantados e acalentados pela grande imprensa, semana sim semana também. O esdrúxulo e extemporâneo impeachment não colou, pois, além de não haver base legal que justificasse o impedimento do presidente da República, como se sabe, Luiz Inácio Lula da Silva e seu governo têm altos índices de aprovação junto à população. A "vocalização" do impedimento do presidente na grande imprensa parecia ter apenas a intenção de causar ao governo algum desgaste político. Parecia. Mas, percebe-se agora, visava preparar o terreno para um golpe que pretende desalojar Lula do Palácio do Planalto "na raça", na base do golpe sujo, utilizando-se de métodos escusos.
Os velhos "donos do poder" (utilizando-se de expressão cunhada por Faoro) desejam a chefia do executivo federal de volta às suas mãos de qualquer jeito – pois o poder seria deles "de direito", algo que lhes seria devido, inato. Como a candidatura do "decepcionante" Alckmin não decolou, a última cartada seria mesmo "ganhar no tapetão".
Primeiro, a 15 dias das eleições, arma-se uma arapuca "fatal" para Lula e o PT (seu partido). Com a devida manipulação do episódios na mídia, cria-se um clima de comoção, decepção e desalento, e faz-se, em seguida, pesquisas no calor da hora. Se nem assim o candidato dos "coronéis" (os cordatos e os nem tanto) subir, manipulam-se algumas pesquisas. E, se nem com essa bem urdida "arapuca", conseguirem acabar com a candidatura Lula, o jeito seria embargar sua candidatura na Justiça ou, se eleito, impedi-lo de governar criando várias CPIs e revivendo o turbilhão político do último ano e meio de seu primeiro mandato. O lance é não permitir um segundo mandato, de qualquer jeito. Vamos à cronologia e etapas dos últimos acontecimentos.
Na semana do feriado de 7 de setembro, começaram a circular boatos de que uma "bomba" envolvendo o presidente Lula estava por ser detonada pela oposição – envolveria pessoa muito próxima ao presidente e seria avassaladora. Como esse tipo de "chantagem", boatos e ameaças são comuns ao jogo eleitoral, não lhes dei muita atenção e importância. Na semana seguinte ao 7 de Setembro, já na segunda-feira, 11, porém, os boatos começaram a se intensificar.
Foi quando, para minha surpresa, no dia 14, surgiu pela primeira vez na "blogosfera", mais precisamente no blog do Noblat, a notícia de que vinha, sim, uma bomba, mas era, ao contrário do esperado, um artefato que explodiria no colo da candidatura de José Serra: em entrevista os Vedoin (pai e filho) comprometiam José Serra com a chamada máfia dos "sanguessugas", mostrando, inclusive, farta documentação comprobatória. Noblat postou essa notícia às 21h12 do dia 14 como já dito. Acompanhei a repercussão dessa notícia, durante todo o dia 14, nos sites das grandes empresas jornalísticas. Não houve. Não saiu uma nota sequer. No dia seguinte, procurei nos jornais dos grandes grupos de comunicação: nem uma notinha de pé de página (registro que o "blog do Noblat" é acolhido pelo grupo O Estado de São Paulo, um jornal, todos sabem, "de direita", conservador). Curiosamente, a notícia, inicialmente postada pelo Noblat, só começou a ser veiculada na Folha e em outros "jornalões" quando já se tinha a notícia de que duas pessoas supostamente ligadas ao PT haviam sido presas com R$1,7 milhão que seriam utilizados para comprar um tal dossiê envolvendo José Serra e Geraldo Alckmin (esse seria supostamente o ingrediente novo: o envolvimento de Alckmin) com a máfia das ambulâncias (ou dos "sanguessugas", como queira). O que antes parecia algo restrito a atingir a candidatura de José Serra ao governo do estado de São Paulo, também resvalava em Alckmin. Na verdade, comprovar-se-ia depois, a intenção daquele episódio todo era atingir a candidatura Lula – agora, com a citação em depoimento de um assessor do presidente isso ficou evidenciado. Bingo! O petardo havia então acertado o alvo. O foco central, a notícia sobre o envolvimento de Serra com a máfia dos "sanguessugas", foi abandonado, deixado de lado. O foco da notícia agora passava a ser o Partido dos Trabalhadores e o governo Lula. O PT e Lula estavam de volta ao patíbulo.
O que estava ocorrendo, afinal? – perguntavam-se todos, entre incrédulos e perplexos. Uma bem urdida "armação? Uma orquestração? Uma "arapuca" armada pelos tucanos e/ou pefelistas, que haviam buscado aproximar os Vedoin de petistas desavisados? Compraram alguns "petistas" na bacia das almas? – na verdade, pessoas infiltradas no partido Ou seria mais uma "tremenda vacilada" de algum petista incauto? Para quem ainda se lembrava do inverossímil episódio dos tais dólares na cueca, tudo era possível. Mas, algumas perguntas restam ser respondidas, pois há indícios sérios, mais ou menos evidentes, que nos causam estranheza ou, no mínimo, desconfiança de uma armação.
1. Por que um dos cidadãos detidos foi logo dizendo, de imediato, que era do PT? Só faltou, para ficar bem na foto, a camisa do PT vestindo o meliante. Lembram do seqüestro de Abílio Diniz – hoje com Lula? Não seria esperado que ele, o cidadão detido em flagrante, caso estivesse realmente a serviço do partido, não revelasse essa informação nem sob tortura?
2. Por que supostos petistas comprariam por, repito, R$1,7 milhão um "dossiê" que continha fatos e informações que não valiam nem um tostão furado – disseram que pediram inicialmente R$20 milhões? Aquelas fotos já haviam saído na imprensa e sido amplamente divulgadas.
3. Por que os petistas, sabendo que os Vedoin estavam sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público, não avisariam a própria PF e ao MP sob a tentativa dos indiciados de vender-lhes essas provas? – assim eles obteriam as provas graciosamente e ainda incriminariam mais os verdadeiramente envolvidos com a máfia (os Vedoin e agora, ao que parece, José Serra).
4. Por que só agora resolveram denunciar José Serra? Estavam negociando o dossiê antes com o PSDB?
5. Por que envolveram, de imediato, um assessor da Presidência da República nessa mal contada história – se o depoente não sabia sequer precisar o nome da pessoa. Por que na acareação o acusador tão falante até então, calou-se?
6. Afinal, quem negociou por parte do PT foi o Diretório Estadual, como se disse no início, ou o Nacional, como se diz agora? Não é estranho que um militante recém-ingressado no partido (filiou-se em 2004) seja destacado para tão importante, delicada e "suicida" missão às vésperas da eleição?
7. E esse novo episódio do grampo nos telefones dos ministros do TSE? Não lhes parece estranho? Por que a varredura foi feita? Por que foi divulgada sem que antes houvesse uma necessária investigação? A quem interessaria a essa altura conturbar o processo eleitoral? É da democracia que o presidente do TSE reúna-se com políticos da oposição para estudarem juntos uma forma de impugnar a candidatura do presidente em exercício? Certamente que não!
Enfim, prezado leitores, é tão absurda e impensável toda essa situação que só mesmo aguardando uma competente e acurada investigação da Polícia Federal. Não precipitemos o julgamento. Foi armação? Teria sido uma contramedida de uma dos "gestapos" incrustados no Estado para favorecer José Serra – lembram-se do caso Lunus, que destruiu a candidatura de Rose ana Sarney? Lembram do Dossiê Cayman – era verdadeiro ou não? E a lista de Furnas? E a pasta rosa? Há uma vasta oferta de Dossiês no mercado negro da política.
Só que, passado o calor do momento, para o dia 1º de outubro, o estrago na campanha à reeleição de Lula já terá sido fato consumado. Ao passo que a campanha de Alckmin, e, principalmente, a do Serra, passam incólumes. Quem foi a priori condenado nesse episódio, pela grande imprensa, foi, de novo, o PT. Será esse episódio suficiente e necessário para servir como um novo pretexto a um recrudescimento do já evidente parcialismo da grande imprensa pró-Alckmin e pró-Serra? Só nos restar aguardar, e, de olhos bem atentos e vigilantes, reclamar um tratamento mais equânime às candidaturas na mídia. E denunciar, sempre.
E que não insistam em velhas receitas e estratégias golpistas, pois, essa democracia que aí está, com toda sua fragilidade e podridão, hipocrisia e "gansgsterianismo" das máfias políticas, é a que temos, por enquanto, enquanto a tão necessária reforma política não vem. E se o "rei" tentar derrubar o "peão" "no tapetão" sairemos todos às ruas para, como nas Diretas-Já, fazer valer a vontade do povo.

Por que voto em Carlão, 1331, para deputado federal

Com um dia de atraso, começo hoje a falar de quem escolhi para me representar a partir do ano que vem nas ações
A Câmara dos Deputados é responsável pela proposição e apreciação das leis federais, sendo, portanto, indispensável para a construção da democracia. A instituição, formada por 513 parlamentares, tem representação de todos os Estados do Brasil e também tem a missão de acompanhar e fiscalizar o trabalho do Governo Federal.
Temos deputados praticamente eternos nos seus mandatos, e que vão se acostumando com as benesses do poder. Isso acontece porque não temos formação de novas lideranças, porque as pessoas dizem que não gostam de política, reclamam que deputados só servem para roubar o dinheiro público, mas são incapazes de dizer em quem votaram quatro anos antes. Os atuais ocupantes de cargos eletivos já foram povo um dia, e superdimensionam as pequenas corrupções do dia-a-dia quando se encontram investidos de algum poder. É um problema de índole, imagino.
Para reverter este quadro na Câmara, precisamos de pessoas com história, que sempre primaram pela defesa intransigente do que é público, que sempre foram apaixonadas pelo país e pela nossa gente, que jamais sujaram as mãos na lama podre do poder.
Para fazer a minha parte neste processo, escolhi um administrador de empresas, professor, ex-dirigente sindical, ex-deputado estadual responsável, entre outras coisas, por discutir e encaminhar mudanças no tratamento que damos aos nossos portadores de sofrimento mental. Escolhi um homem que, ao assumir a presidência da empresa que gerencia o transporte público e o trânsito da capital mineira, mergulhou de cabeça para entender todos os processos internos da organização e foi responsável por grandes mudanças na mobilidade da população belo-horizontina. Escolhi um atual vereador de Belo Horizonte que defende a total transparência das ações de governo, que faz da política uma missão de vida. E seguramente levará para a Câmara dos Deputados uma nova forma de legislar, em defesa da vida, sempre.
Por isso, voto em Antônio Carlos Ramos Pereira, o Carlão, 54 anos, número 1331, para deputado federal.

18 setembro, 2006

Amanhã começa a minha lista

A partir de amanhã, falarei sobre os candidatos que escolhi para votar nestas eleições. Havia programado para hoje, mas compromissos profissionais não me deixarão preparar os textos. Não pretendo persuadir ninguém — é claro que, ao falar de cada um deles, farei discursos de defesa das candidaturas e das propostas, mas sem pretensões de convencer quem quer que seja.
Os textos serão postados na ordem da votação da urna eletrônica: terça-feira, deputado federal; quarta, estadual; quinta, senador; sexta, governador; segunda, presidente.

11 setembro, 2006

O Legislativo pede socorro!

Vi na última sexta-feira no Jornal Nacional um dado que considero alarmante: 63% dos eleitores não sabe em quem votar para deputado federal e 60% ainda não escolheram um candidato a deputado estadual. Isso é o fim da picada!
Não dá pra culpar inteiramente o eleitor. As campanhas de parlamentares são muito parecidas e há uma média de dez candidatos por vaga. Além disso, o pouco espaço na TV e no rádio não nos permite fazer uma escolha baseada em critérios objetivos, tais como vida pregressa, propostas, possíveis desvios de conduta.
Não é novidade pra ninguém que o Parlamento é um dos gigantescos ralos por onde escoa o nosso dindim. Enquanto a disputa para o Legislativo for ficando relegada a segundo plano, teremos deputados e senadores sem qualquer compromisso além dos seus próprios umbigos e bolsos. Além disso, teremos governos bem-intencionados (sim, eles existem!) travados por disputas mesquinhas de poder dentro das casas legislativas.
Em tempo: você, caro leitor, cara leitora, se lembra em quem votou para deputado federal, estadual e senador em 2002 e vereador em 2004? Acompanhou o trabalho dos seus parlamentares de lá para cá?

08 setembro, 2006

Eu voto em... porque...

Estamos a 23 dias das eleições. As preferências vão se definindo, o número de indecisos é cada vez menor, o quadro vai se desenhando muito próximo do que as urnas vão falar quando abertas. Do resultado, vai depender o destino de uma nação de mais de 180 milhões de pessoas. Não é coisa para se brincar.
Durante toda a minha vida de militante, sempre acreditei que é possível transformar a realidade através da atividade política. E uma das coisas que mais me chamam a atenção nos meus 17 anos de eleitor e 15 anos de filiação ao PT são as razões que levam as pessoas a optar por este ou aquele candidato, este ou aquele partido.
É até difícil falar em partido político no Brasil, país que prima pela total inexistência de leis que garantam um mínimo de fidelidade partidária a quem se elege. Temos nada menos que 29 agremiações. Os partidos deveriam defender determinados programas para o desenvolvimento e para o gerenciamento do Brasil e dos entes federados — Estados e Municípios. O cidadão deveria tomar conhecimento de todos os programas partidários, identificando qual deles chega mais próximo do que ele, cidadão, quer para nossa terra. Uma vez escolhido o partido, procuram-se as pessoas dentro da legenda que melhor se encaixam e se identificam com o conteúdo programático. Assim fiz ao escolher o PT, assim faço ao definir em quem voto a cada eleição.
As pessoas escolhem em quem votar por uma infinidade de razões, umas lógicas e outras nem tanto. Vota-se no parente, no amigo, no amigo do amigo, no patrão. Vota-se em quem deu isso ou aquilo, ou seja, em quem comprou o voto. Vota-se por achar o candidato simpático, por retribuição a algum favor, por algum bordão dito na propaganda no rádio e TV, por protesto, para fazer piada, vota-se por medo.
Vota-se para garantir vantagem pessoal após a eleição, para não desagradar a família que tradicionalmente vota em fulano ou sicrano. Vota-se no candidato que diz o que o eleitor quer ouvir, mesmo que não seja verdade ou que não seja executável. Vota-se em quem está na frente, para "não perder o voto"...
Vota-se porque as ações de governo mudaram a vida das pessoas, vota-se para experimentar outra forma de governar, vota-se em quem fará projetos de lei que resguardem interesses, legítimos ou não.
As opções na hora de votar variam também em função do nosso papel na sociedade. Cada cidadão ocupa diversos espaços, e como diria Marx, a existência social determina a consciência do indivíduo.
Se a população fizesse a mínima idéia do quanto o voto interfere nos destinos do país, não trataria o assunto como discussão de time de futebol. Se o meu Cruzeiro não ganha campeonatos, o pior que pode acontecer é ouvir algumas piadinhas infames. Já quando o rumo da nação é desvirtuado por quem deveria representar nossos interesses de povo, todos nós perdemos, em maior ou menor escala.
Não vou usar este espaço para pedir votos a você, caro leitor. Mas tomarei a liberdade de, nos próximos dias, escrever a respeito das minhas opções, sem a pretensão de convencer quem quer que seja.
Bom fim de semana.