Diálogo Interativo

Espaço para troca de ideias sobre diversos assuntos, com destaque para atualidades, comunicação, política, educação e relações humanas.

29 maio, 2006

Rir ainda é o melhor remédio

Não sejamos presunçosos. A campanha eleitoral vai começar de verdade em 15 de agosto, quando os programas de TV entrarem no ar. Mesmo assim, publico os diálogos abaixo, que retratam com bom humor a atual situação vivida pelo comando da pré-campanha de Geraldo Alckmim.

Tasso: Porta dianteira fechada.
FHC: Ok. Confere.
Tasso: Porta traseira...
FHC: Porta traseira fechada.
Tasso: Pressurização acionada.
FHC: Ok.
Tasso: Temperatura interna 22 graus.
FHC: 22 graus. Confere.
Tasso: Flaps da direita em ‘on’.
FHC: Confere.
Tasso: Flaps da esquerda...
FHC: Acionados.
Tasso: Então vamos levantar vôo.
FHC: As turbinas não respondem!
Tasso: Como?
FHC: Minha nossa! Como fomos embarcar nessa!
Tasso: O que houve?
FHC: Sabia que estava faltando algo.
Torre: Alô, tucano, câmbio.
Tasso: Tucano na escuta, câmbio.
Torre: Por que diabos o Alckmin não se move?
Tasso: Tivemos um imprevisto, câmbio.
Torre: Vocês precisam desocupar a pista, câmbio.
Tasso: Atenção, comissário!
Aécio: Na escuta, comandante.
Tasso: Peça uma gentileza ao PFL.
Aécio: Gentileza?
Tasso: Sim, preciso que desçam para empurrar.
Aécio: Mas, comandante...
Tasso: Não discuta, manda empurrar.
Pausa...
Aécio: Comandante, o PFL sugere a troca de aeronave.
Tasso: Agora? Não dá mais tempo.
FHC: Permita-me lembrar que temos o Serra no hangar.
Tasso: Serra? Não, não. Melhor empurrar.
Aécio: O César Maia ameaça desembarcar.
Tasso: Diga a ele que agora é tarde. Melhor empurrar.

22 maio, 2006

O silêncio dos inocentes

por Marco Aurélio Weissheimer, jornalista da Agência Carta Maior (correio eletrônico: gamarra@hotmail.com)
O governador Cláudio Lembo (PFL), em entrevista a Mônica Bergamo, na "Folha de São Paulo", fez algumas das declarações mais duras e agudas contra a elite brasileira que se tem notícia nos últimos tempos. Não mediu palavras. O Brasil é governado por uma elite branca muito perversa. A burguesia brasileira terá de abrir a bolsa para sustentar a miséria social do país. Nossa burguesia devia é ficar quietinha pensar muito no que ela fez para este país. Essas foram algumas das declarações do governador paulista. Um homem do PFL, partido que, segundo a piada de Bergamo, cuja autoria Lembo reivindicou, está no poder desde que Cabral chegou ao Brasil. Na entrevista, o governador também destila ironia na direção do triunvirato tucano (Alckmin, Serra e Fernando Henrique Cardoso), que não teria manifestado grande solidariedade com a situação enfrentada por ele desde o final da semana passada. Mas o que foi que Lembo disse mesmo?
Muita gente não acreditou ao pegar a "Folha de São Paulo" nas mãos e ler a seguinte radiografia da elite brasileira: “O Brasil só acredita na camisa da seleção, que é símbolo de vitória. É um país que só conheceu derrotas. Derrotas sociais...Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa (...).Não há nada mais dramático do que as entrevistas da Folha (com socialites, artistas, empresários e celebridades) desta quarta-feira. Na sua linda casa, dizem que vão sair às ruas fazendo protesto. Vai fazer protesto nada! Vai é para o melhor restaurante cinco estrelas junto com outras figuras da política brasileira fazer o bom jantar (...).Nossa burguesia devia é ficar quietinha e pensar muito no que ela fez para este país (...).A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para poder sustentar a miséria social brasileira no sentido de haver mais empregos, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações”.
O LUGAR DE QUEM FALA - Essas declarações têm um significado adicional, além daquele expresso propriamente pelo seu conteúdo. E esse significado adicional diz respeito ao lugar de quem fala. Quem fala é um quadro dirigente do PFL que até bem pouco tempo era vice daquele que hoje é o candidato do PSDB à presidência da República, o sr. Geraldo Alckmin. Quem fala é alguém que conhece a elite de perto. Na entrevista, aponta alguns de seus hábitos, idéias e comportamentos. Não é a fala de um esquerdista panfletário discursando contra as elites brasileiras pela milésima vez. Se fosse, provavelmente não ganharia uma linha na imprensa. Não traria nada de novo. Quem fala é o governador do estado mais rico do país. É o principal mandato que o PFL ocupa hoje no Estado brasileiro. É a fala de alguém que manifesta desprezo por seus pares, um desprezo profundo, “quase classista”, com a licença do paradoxo. O modo como se refere às “dondocas de SP” é sintomático.
“O que eu vi (nas entrevistas para a Folha) foram dondocas de São Paulo dizendo coisinhas lindas. Não podiam dizer tanta tolice. Todos são bonzinhos publicamente. E depois exploram a sociedade, seus serviçais, exploram todos os serviços públicos. Querem estar sempre nos palácios dos governos porque querem ter benesses do governo. Isso não vai ter aqui nesses oito meses (prazo que resta para Lembo deixar o governo)”. Lembo foi mais longe, espacial e temporalmente, fazendo uma irônica homenagem à obra de Gilberto Freire: “A casa grande tinha tudo e a senzala não tinha nada. Então é um drama. É um país que quando os escravos foram libertados, quem recebeu indenização foi o senhor, e não os libertos, como aconteceu nos EUA. Então é um país cínico. É disso que nós temos que ter consciência. O cinismo nacional mata o Brasil. Este país tem que deixar de ser cínico. Vou falar a verdade, doa a quem doer, destrua a quem destruir, porque eu acho que só a verdade vai construir este país”. Mais claro, impossível.
“DECLARAÇÕES FORAM COMEDIDAS” - Se as declarações de Lembo contra a elite branca brasileira foram bombásticas, as reações de seus aliados no PFL e no PSDB expuseram um silêncio patético e constrangido, parecendo confirmar o diagnóstico do governador. O tom geral dessas reações foi: “vamos fazer de conta que não ouvimos o que ouvimos”. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que as declarações do governador foram “comedidas diante do que ele passou”. Comedidas? Imaginemos, por um segundo, o que Lembo diria se não fosse comedido. “Governador de São Paulo defende o fim da propriedade privada e a expropriação da burguesia brasileira”. “Lembo convoca Chávez para enfrentar elite brasileira”. Ou ainda: “Lembo declara guerra à elite de São Paulo”. Algo assim. Para Virgílio, a entrevista “foi a expressão de um governante naturalmente e compreensivelmente comovido com o drama que seus governados viveram”.
O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), ainda irritado com a escolha de José Jorge (PFL-PE) para ser o vice de Alckmin, preferiu o silêncio e não comentou as declarações de Lembo. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) admitiu que o PSDB falhou no apoio a Lembo, que a entrevista atingiu Alckmin, e filosofou: “Medo não dá só em branco, dá em qualquer um. Foi um desabafo”. Um desabafo comedido e comovido, como diria o senador Arthur Virgílio. Aliás, o líder tucano também fez seu desabafo: “Não sei por que o Serra não ligou. Não faria mal ter ligado. Se o Fernando Henrique disse (ser contra supostas negociações com o PCC), era melhor não ter dito”. Os sites de PFL e PSDB simplesmente ignoraram a entrevista. Nenhuma palavra. Há uma certa coerência aí, medíocre, mas coerência. Se houve silêncio na hora de prestar solidariedade a Lembo, ele continuou quando o governador “desabafou”.
SILÊNCIOS RUIDOSOS - Lembo manifestou seu desconforto com tanto silêncio, um silêncio que só foi quebrado com uma bola nas costas do governador, lançada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (que criticou a possibilidade de um acordo com o PCC). “Eu acho que o presidente Fernando Henrique poderia ter ficado silencioso. Ele deveria me conhecer e conhecer o governo de SP. Eu não posso admitir nem a hipótese de se pensar isso. Para opinar sobre um tema tão amargo, tão grave, ele teria que refletir, pensar. E se informar. Quanto ao presidente (FHC), pode ser que eventualmente ele tenha precedente sobre acordos. Eu não tenho”. Alckmin ligou duas vezes. “O senhor achou pouco?”, perguntou Mônica Bergamo. “Eu acho normal. Os pulsos (telefônicos) são tão caros”, respondeu Lembo. Já o ex-prefeito de São Paulo e candidato ao governo do Estado, José Serra, não ligou nenhuma vez, revelou Lembo. Serra é conhecido por ser um homem econômico.
Entre silêncios, bolas nas costas, evasivas e declarações ambíguas e protocolares, ninguém do PSDB e do PFL se atreveu a comentar abertamente o conteúdo da entrevista de Lembo. A própria entrevista pode fornecer uma chave para explicar esse silêncio. “Nossa burguesia devia é ficar quietinha e pensar muito no que ela fez para este país”. Provavelmente o chapéu não serviu a nenhuma cabeça. Trata-se de um silêncio de outro tipo. Um silêncio constrangido e perplexo. Dizer o quê, exatamente? Concordar com o diagnóstico de Lembo sobre o caráter perverso e pueril da elite branca brasileira? Tecer algum comentário sobre a necessidade de a burguesia brasileira abrir a bolsa para enfrentar a miséria social do país? O que fazer com isso? Talvez estejam apostando na máxima que diz: “Se nos mantivermos calados pensarão que somos filósofos”. Ou, melhor ainda, inocentes.

16 maio, 2006

Lista, lista, lista, lista...

A recente lista de pessoas que teriam contas secretas no exterior, divulgada pela revista Veja, é mais um disparate digno de risadas, principalmente considerando a fonte da "informação": o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, alvo de uma série de suspeitas e investigações.
O negócio já começa errado. A tal fonte pode ter tudo, menos credibilidade para acusar quem quer que seja. E a lista me faz lembrar das listas feitas em Brumadinho. Quem não se lembra das Listas dos Mais Enjoados?
Pra quem não conhece, umas informações sobre a terrinha. Brumadinho tem cerca de 30 mil habitantes e é um dos 34 municípios da Grande Belo Horizonte, situando-se a 55 km da Capital. Cerca de 40% da população mora na zona rural, e o maior componente do PIB é a extração de minério de ferro, feita pela Companhia Vale do Rio Doce, Mannesmann, MBR, Itaminas e outras. Brumadinho nasceu e cresceu meio independente de Belo Horizonte, e só nos últimos 10 anos começou a sofrer a pressão demográfica e imobiliária da Capital. Por essa relativa independência, ainda hoje tem ares de cidade de interior. E como quase todo mundo se conhece, proliferam todo tipo de fofoca, boato, rumor, disse-me-disse. Nesta esteira, certo dia alguém munido de uma máquina de escrever (lembram delas??) e uma máquina de xerox, teve a idéia de listar as pessoas consideradas as mais "intojadas" da cidade e distribuiu. Virou mania e, de vez em quando, uma dessas listas aparece. Por sorte, nunca saí em nenhuma delas. Pode ser que, depois deste texto, alguém me coloque "só pra zuar".
Fechando o círculo: virou moda no Brasil fazer as tais listas. Muito fácil: quero sacanear (desculpem a verborragia) com alguém, crio uma lista, ponho o nome desse alguém, que vai levar meses para recuperar a imagem... Essa de insinuar que o presidente Lula tem conta no exterior foi a maior desfaçatez que li nos tempos atuais. Verdadeiro antijornalismo por parte da Veja.

15 maio, 2006

Brokeback Mountain - a homofobia nossa de cada dia

por Acyr Maia, psicólogo e psicanalista

Depois de várias décadas, Hollywood resolveu não só tirar do armário o tema da homossexualidade masculina, mas indicar a oito Oscars, o filme "O segredo de Brokeback Mountain" (Brokeback Mountain, EUA, 2005). O diretor Ang Lee, revela, sem pudores ou trucagens, a história de amor entre dois coubóis americanos, em cenas longas, de carinho e desejo, raramente vistas, mesmo em produções voltadas especificamente para o público gay.
Como pode dois homens que se vestem como homens, que apresentam um comportamento considerado normal dentro do universo masculino dos coubóis, se beijar, sentir a falta um do outro e manter um relacionamento amoroso durante 20 anos? Muitos espectadores devem se fazer essa pergunta. Nesse sentido, Brokeback Mountain desaloja estereótipos, inclusive dos chamados filmes gays, que muitas vezes veiculam um único modelo de homossexualidade.
A figura do coubói sempre povoou o imaginário social dos homens, constituindo um modelo inabalável de virilidade, isto é, de heterossexualidade. Por aqui, temos a tradição nordestina do cabra-macho. Esse modelo hegemônico de masculinidade foi construído pela medicina do século 19, às custas da feminização do homem homossexual (e da sua respectiva patologização), e teve como objetivo a descriminalização da homossexualidade. Porém, o homossexual masculino ao ser "libertado" pela terapêutica da cura, acabou se tornando seu refém. A herança desse ideário permanece na homofobia nossa de cada dia.
O filme se passa em Wyoming (EUA) no ano de 1963, antes da eclosão do movimento gay americano. Nessa época, um casal gay não podia ter uma vida amorosa pública. A alternativa era levar uma vida heterossexual e viver a homossexualidade clandestinamente, como fazem os personagens do filme. Hoje, já é possível dois homens (ou duas mulheres) viverem juntos e gozarem de alguns direitos (não todos), antes restritos aos heterossexuais. Porém, a homofobia continua. Para alguns pesquisadores, houve até um recrudescimento dela, proporcional à visibilidade gay.
Em 1998, Matthew Shepard, estudante da Universidade de Wyoming, é linchado por ser gay, revelando que qualquer semelhança com os personagens não é mera ficção. É sabido que a reeleição do presidente Bush se deu, entre outras razões, devido à sua posição contra a parceria civil homossexual. O Vaticano, além de coibir a união entre casais do mesmo sexo, vem perseguindo os padres pedófilos homossexuais, como se não existisse a pedofilia heterossexual na Igreja, corroborando assim a crença de que todo homossexual é pedófilo. Pesquisa realizada durante a 8ª Parada do Orgulho GLBT, no Rio, mostrou que quase 60% dos entrevistados já tinha sido vítima de algum tipo de agressão motivada pela orientação sexual (GAI/CESeC/CLAM, 2003). Segundo a Anistia Internacional (2004), 70 países punem a homossexualidade, chegando à pena de morte nos países fundamentalistas islâmicos.
Como foi dito, no filme os coubóis, por não poderem expor seu amor publicamente, se casam e têm filhos. Nos dias atuais, em que segmentos evangélicos alardeiam a cura da homossexualidade, criando uma nova categoria, a dos "ex-gays", o filme endossa a visão psicanalítica sobre as vicissitudes do desejo. Mostra que é possível sublimar ou mesmo recalcar o desejo diante das contingências da vida, mas que ele é indestrutível.
Como pensar que os homossexuais não são necessariamente promíscuos, narcísicos ou pervertidos, se não lhes é dado o direito de viverem em paz suas vidas em plena luz do dia? O desfecho trágico do casal de coubóis devido à homofobia atualiza a cena da vida real de qualquer homossexual cujo reconhecimento público do seu amor ainda é condenado ou ao assassinato, ou ao anonimato, ou permitido parcialmente pela lei, segundo uma hierarquia de valores. Um beijo não deveria ser explicado, nem dar explicações. Muito menos ficar reservado ao escurinho do cinema.

12 maio, 2006

A magia do exercício da maternidade

Imagine ter um outro ser crescendo dentro de você, provocando aumento de peso, alterações hormonais e emocionais, azia pela pressão crescente do estômago, alterações de pele... E, depois de nove meses de espera, esse ser vir ao mundo pelo caminho natural ou por um atalho providenciado pelos médicos, chorar, dormir o dia inteiro (para só acordar à noite, a si mesmo e ao resto da casa), mamar (considero o leite materno uma das maiores manifestações da existência de Deus — como pode uma pessoa produzir absolutamente tudo que outra precisa, por seis meses???), crescer, aborrecer, dar trabalho mas também dar muitas alegrias ao longo da vida. Tudo isso são pequenos fragmentos de tudo que representa a magia de ser mãe.
Deus disse: "Crescei-vos e multiplicai-vos". É claro que há outras formas de exercer a maternidade que não sejam necessariamente junto aos filhos biológicos. Quantas mulheres passaram por este mundo e deixaram suas marcas de mãe mesmo sem ter tido uma única gravidez? Entretanto, justiça seja feita: carregar um bebê no ventre, ter o poder de gerar uma nova vida, de trazer um espírito à Terra é algo imensamente sagrado, indecifrável, não-traduzível em palavras.
Por isso mesmo, não me arrisco a falar muito a respeito. O que está escrito aqui vem da experiência de pai, que é meio paralela se comparada à magia do exercício da maternidade, sobretudo quando o pai não mora com os filhos, como é o meu caso. Magia que se traduz, todos os dias, no milagre da vida, cada vez que uma criança vem para o nosso meio. Magia que se traduz em milagres como o ocorrido ontem à noite na rodovia Fernão Dias, quando uma carreta esmagou um Chevette, matando o casal que ocupava o carro mas não produzindo sequer um arranhão na menina de poucos meses que viajava numa cadeirinha própria no banco traseiro. O pai e a mãe dela, infelizmente, não estão mais entre nós e não a verão crescer, pelo menos não neste mundo. Mas ela se recordará com carinho do homem e da mulher que a geraram, ainda que por fotos. E, um dia, será mãe.

10 maio, 2006

Prioridade à Educação tem que deixar de ser mero discurso

Daqui a menos de dois meses, começa oficialmente a campanha eleitoral deste ano. Como a articulação dos prováveis candidatos está entrando na reta final, está na hora deles começarem a mostrar ao país o que pretendem fazer caso sejam eleitos. Muito mais do que nomes, o Brasil precisa de verdadeiros projetos políticos, principalmente numa área extremamente sensível e que ainda é subvalorizada: a Educação.
Ações, projetos e práticas de Educação só dão resultado no longo prazo. Talvez por isso não sejam priorizadas pela maioria de nossos governantes e legisladores, que preferem atender a interesses imediatos e eleitoreiros, na caça ao voto.
Valorizar a Educação passa pela justa remuneração aos profissionais, pela sua preparação e qualificação para o exercício do ensino, pela correta manutenção das escolas, pela orientação aos pais (que, não raro, delegam à escola a tarefa que é deles dentro de casa)...
O tema é amplo demais para ser tratado aqui. Fica a dica para observar e procurar saber o que cada candidato pretende para melhorar a educação do nosso povo. Para o bem das gerações futuras e para o nosso bem também — afinal, muitas das crianças de hoje serão nossos dirigentes amanhã.

05 maio, 2006

Legislar é preciso

O recente escândalo de corrupção envolvendo compra de ambulâncias é mais uma prova de que é necessário, mais do que nunca, promover uma renovação de verdade no Legislativo brasileiro. A mídia dá importância demasiada à disputa presidencial, enquanto, na surdina, vão-se produzindo verdadeiras aberrações que, mais tarde, ocupam as cadeiras e gabinetes do Congresso Nacional e das Assembléias Legislativas estaduais.
A disputa eleitoral para deputado é um gigantesco balcão de negócios. Acordos espúrios são fechados o tempo todo, mandatos e verbas públicas são direcionadas para grupinhos de interesse, projetos folclóricos são apresentados e defendidos em plenário. As eleições para o Legislativo já produziram caricaturas como Enéas, Severino Cavalcanti, Pinduca, José Geraldo Ribeiro, Almeida Lima... Quem se lembra de Nelson Thibau?? Talvez tenha sido o mais caricato de todos.
As pequenas corrupções do dia-a-dia tornam-se gigantescas quando o praticante assume uma cadeira de vereador, deputado, etc. Quem tem a cultura de furar fila, subornar o guarda de trânsito, sonegar Imposto de Renda, não dar Nota Fiscal, descer do ônibus pela dianteira e outras coisas do gênero vai, inexoravelmente, levar tais práticas para o meio político. A corrupção, portanto, não é exclusividade dos políticos. Nasce no nosso próprio meio, até porque o hoje deputado era cidadão comum ontem, como nós.
Elaborar projetos de lei, principal função dos vereadores, deputados e senadores, é algo nobre, importante demais para ficar na mão de qualquer um. É necessário um mínimo de preparação — e não preparação acadêmica, mas sim preparação de vida, senso de justiça, princípios, saber o que a sociedade precisa. Afinal, as leis propostas e votadas por nossos legisladores formam todo o regulamento da nossa vida em sociedade.
Por isso, defendo que não percamos de vista as eleições deste ano para o Legislativo, sem o qual nenhum governo funciona, não importa quem seja o presidente e o governador.