Diálogo Interativo

Espaço para troca de ideias sobre diversos assuntos, com destaque para atualidades, comunicação, política, educação e relações humanas.

30 abril, 2010

Falar nem sempre é o melhor

Lembrei de duas músicas de Lulu Santos, das quais gosto desde sempre. Exaltam ao mesmo tempo o que considero duas preciosidades da vida: o amor e o silêncio. Compartilho com meus leitores. Bom fim de semana.

Apenas mais uma de amor

Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder
Deixa assim ficar subentendido
Como uma ideia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer.

Eu acho tão bonito isso de ser abstrato, baby
A beleza é mesmo tão fugaz
É uma ideia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer.

Pode até parecer fraqueza, pois que seja fraqueza então
A alegria que me dá, isso vai sem eu dizer
Se amanhã não for nada disso, caberá só a mim esquecer
O que eu ganho e o que eu perco, ninguém precisa saber.


Certas coisas

Não existiria som se não houvesse o silêncio
Não haveria luz se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim, dia e noite, não e sim.

Cada voz que canta o amor não diz tudo que quer dizer
Tudo que cala fala mais alto ao coração
Silenciosamente, eu te falo com paixão.

Eu te amo calado, como quem ouve uma sinfonia
De silêncio e de luz
Nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e som
Tem certas coisas que eu não sei dizer.

22 abril, 2010

Deeeeixa o homem trabalhar!

Mais do que o país do futebol, o Brasil é o país dos técnicos de futebol. O que mais tem por aqui é economista (até que eles andam sumidos...) engenheiro de trânsito e técnico de futebol. Muitos de nós têm a escalação perfeita para a Seleção Canarinho (escolhi um momento ruim para falar disso, já que o meu Cruzeiro acabou de ser atropelado pelo Ipatinga na seminfinal do campeonato mineiro. Bem, página virada...).

Cada hora é uma coisa: Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno (gosto dele desde os tempos de magricela e dentuço no Cruzeiro, mas ele andou dando uns tropeços evitáveis fora de campo)... Agora, a bola da vez (sem trocadilho!) são os Meninos da Vila. Neymar, Ganso e Robinho vêm dando um show no Santos. Porém, isso acontece dentro de um determinado contexto: adversários brasileiros, todos jogando no Brasil, um time redondinho, bem entrosado. Afinal, o trio não faria nada sem os outros oito em campo. E será que aguentariam a "pegada" característica de uma Copa do Mundo, cheia de jogadores forjados no exigente futebol europeu? Será que se entrosariam com o resto da turma? Uma tática mal-arranjada põe craques a perder. Não viram o Messi?

Aí, dá-lhe pressão da opinião publica(da) e da imprensa... Já li e ouvi todo tipo de baboseira sobre quem deverá ou não ir para a África do Sul daqui a um mês e pouco. Os palpites, uns até lógicos, mas a maior parte toscos (pra dizer o mínimo) pipocam aqui e acolá. E todos se arvoram em decretar o que Dunga deve ou não fazer. Aí ele é frio, teimoso, antipático, etc, e tal e coisa.

Na Copa de 1994, aquela em que o pênalti pra fora do Roberto Baggio deu a taça ao Brasil, era Romário pra cá, Baixinho pra lá, Peixe logo ali... Mas o melhor jogador da Canarinho pra mim foi o Dunga: roubava bolas, armava jogadas, enfim. Não à toa foi o capitão e ergueu o caneco.

Tenho umas questões claras em relação ao futebol:
- tem muita coisa de bastidor que a gente nem imagina: patrocinadores, acordos, $, etc.;
- fazer arte com a bola é muito bom, enche os olhos, mas o que interessa é bola na rede;
- juiz marcou, tá marcado, não adianta chiar;
- olho de câmera não conta;
- um dia ganha, outro perde;
- ninguém ganha jogo de véspera. Resultado só se tem após o apito final;
- se favoritismo valesse alguma coisa, não precisaria ter jogo e não existiriam tabus e zebras;
- futebol não se discute, se joga.

Então, que o Dunga monte o melhor time possível. E ninguém dê palpite.

Depois escrevo algo sobre o jornalismo esportivo. Merece um post à parte.

10 abril, 2010

O Rio é aqui, é aí, é acolá...

Já escrevi algumas vezes aqui sobre os problemas das grandes cidades relacionados com a chuva e a falta de planejamento. Desde segunda-feira, todos os superlativos possíveis sobre o tema vêm se estampando nos jornais em relação ao Rio de Janeiro, por causa das fortes chuvas que começaram a cair no Grande Rio na segunda 5.

Bobagem repetir aqui o que a mídia já vem dizendo. Prefiro passar longe da frieza dos números e do posicionamento das autoridades.

Fico imaginando daqui a alguns anos: "Meu filho morreu em 2010". "De quê?" "Soterrado." Fica pra sempre na lembrança da família a perda cruel de um ente querido. "Ah, mas quem mandou construir no morro em cima do antigo lixão?? Tem mais é que se f... mesmo!" Para quem mora na cidade, é fácil falar de quem (sobre)vive na não-cidade.

O processo de formação de favelas é algo que beira a perversão. O mercado imobiliário empurra pra cima dos morros aqueles que vieram pra cidade grande iludidos, achando que iam se dar bem na vida. Com a ausência do Estado, o tráfico toma conta do pedaço e impõe suas "leis". Em alguns casos, chega a tornar a favela mais segura que o asfalto. E quando chove? Um olho nas nuvens, outro no barranco.

Política habitacional tem que estar na linha de frente dos governos. Não sou a favor de dar casa de mão beijada. Muitos pegam e vendem. Precisam pagar, ainda que seja algo simbólico. Seria cada um fazendo a sua parte para tornar cada vez mais raras notícias como as que dominam os jornais desde o início da semana. Que não haja mais morros do Bumba, mais lixões habitados, mais deslizamentos, mais soterramentos, mais dor, mais revolta.