Diálogo Interativo

Espaço para troca de ideias sobre diversos assuntos, com destaque para atualidades, comunicação, política, educação e relações humanas.

19 março, 2009

Águas de março, sem poesia

Temporais que atingiram Belo Horizonte e São Paulo nesta semana causaram mortes e destruição. Em poucas horas de chuva, as duas cidades viveram momentos de caos e pânico, guardadas as devidas proporções. O inacreditável é o quanto as nossas cidades de grande e médio porte estão despreparadas para lidar com uma das manifestações mais normais (sic) da natureza.

As inundações desta semana são o resultado da equação formada por encaixotamento de córregos, impermeabilização do solo, ocupação desordenada, lixo que entope as galerias pluviais e, claro, agressões ao meio ambiente, que vêm provocando cada vez mais chuvas fortes e concentradas.

Então, temos componentes culturais, econômicos, ambientais, sociais e também de falta de planejamento no que se refere à concepção das nossas cidades. Medidas paliativas como os chamados piscinões já existem em São Paulo e são cogitados para ser construídos em BH — a Barragem Santa Lúcia já é um.

Se pelo menos a população fizesse a sua parte não jogando lixo em qualquer lugar, acredito que diminuiríamos em mais de 50% o risco de alagamentos como o que matou um casal de idosos no bairro Santo Antônio/Cidade Jardim, em BH. Sem falar nas enchentes do Ribeirão Arrudas na virada do ano.

Cidades frágeis, vidas mais frágeis ainda. Grande desafio para nossas autoridades, que não têm culpa da falta de planejamento de governos passados, mas que têm a obrigação de pensar soluções para o futuro.

12 março, 2009

O que vai ser das nossas filhas?

Será que foi possível comemorar o 8 de março?

Viram quantos casos de estupro e de abuso sexual de meninas apareceram na mídia nos últimos dias? E o pior: muitos abusadores são pais ou padrastos. É só a ponta do iceberg (para usar um jargão batidíssimo). A imensa maioria dos casos de abuso não aparecem. As meninas, ameaçadas, não falam, mantêm segredo sobre suas próprias desgraças.

O que está acontecendo com os homens? Por que buscam prazer e satisfação sexual violando as próprias filhas? De que adianta depois se arrepender, tentar o suicídio, como foi noticiado hoje sobre o padrasto da pernambucana de nove anos? E a gaúcha de 11 anos que acabou de ter um filho do próprio pai adotivo?

Perguntas sem resposta. Não há resposta possível, não há lógica, Freud não explica.

Estupro, palavra horrorosa, significado ainda mais horroroso, ato inimaginável. Monstruosidade, violar mulheres, crianças, meninas...

Onde estamos? Onde vamos parar?

Perguntas sem resposta...

05 março, 2009

Como a crise financeira se autoalimenta

Assunto vai, assunto vem, e os jornais mantém na pauta o assunto da crise financeira internacional. Grandes empresas anunciam prejuízos astronômicos, outras tantas demitem milhares de trabalhadores, bolsas de valores caem em todo o mundo... Quebradeira total!

Para o cidadão comum e razoavelmente bem informado, deve ser difícil entender como créditos podres do mercado imobiliário dos EUA puderam contaminar todo o mundo capitalista. Pensando nisso, lembrei de um texto, reproduzido abaixo, que recebi pela internet logo no início da "crise". Desconheço o autor, mas, para mim, o texto diz, guardadas as devidas proporções, exatamente o que está acontecendo com o Senhor Mercado.

Um homem vivia à beira de uma estrada e vendia cachorro quente. Ele não tinha rádio, televisão e nem lia jornais, mas produzia e vendia bons cachorros quentes.

Ele se preocupava com a divulgação do seu negócio e colocava cartazes pela estrada, oferecia o seu produto em voz alta e o povo comprava.

As vendas foram aumentando. Cada vez mais ele comprava o melhor pão e a melhor salsicha. Foi necessário também adquirir um fogão maior para atender à grande quantidade de fregueses e o negócio prosperava. Seu cachorro quente era o melhor de toda a região!

Vencedor, ele conseguiu pagar uma boa escola ao filho.

O menino cresceu e foi estudar Economia numa das melhores faculdades do país. Finalmente, o filho, já formado, voltou para casa e notou que o pai continuava com a vidinha de sempre e teve uma séria conversa com ele: "Pai, então você não ouve rádio? Você não vê televisão e não lê os jornais? Há uma grande crise no mundo. A situação do nosso país é crítica. Está tudo ruim. O Brasil vai quebrar."

Depois de ouvir as considerações do filho estudado, o pai pensou: "bem, se meu filho estudou Economia, lê jornais, vê televisão, então só pode estar com a razão."

Com medo da crise, o pai procurou um fornecedor de pão mais barato (e, é claro, pior) e começou a comprar salsicha mais barata (que era, também, pior). Para economizar, parou de fazer seus cartazes de propaganda na estrada. Abatido pela notícia da crise, já não oferecia o seu produto em voz alta...

Tomadas todas essas "providências", as vendas começaram a cair e foram caindo, caindo e chegaram a níveis insuportáveis. O negócio de cachorro quente do velho, que antes gerava recursos até para fazer o filho estudar Economia, quebrou.

O pai, triste, então falou para o filho: "Você estava certo, meu filho, nós estamos no meio de uma grande crise."E comentou com os amigos, orgulhoso: "Bendita a hora em que eu fiz meu filho estudar Economia. Ele me avisou da crise..."

PS 1: Na semana que vem escrevo mais profundamente sobre a "crise".

PS2: Domingo é 8 de março. Que um dia as mulheres, maioria da Humanidade, não precisem de um dia específico no calendário para serem lembradas e valorizadas.